Geração do preconceito

 

Assistindo um telejornal, duas notícias me chamaram a atenção.

A primeira era sobre uma estudante que postou em uma rede social um texto claramente preconceituoso com o povo do Acre. Prestem atenção neste detalhe, ela é uma acreana e está cursando faculdade sendo beneficiada em um programa de cotas destinado a oportunizar educação superior para o povo acreano. Pasmem!

Na outra reportagem, duas estudantes de Medicina fazem comentários debochados sobre uma paciente que realizou quatro transplantes. Um total desrespeito por uma pessoa que está lutando pela própria vida. Que tipo de profissionais que estas estudantes se tornarão? É um verdadeiro contrassenso, estudam Medicina, a profissão dedicada a salvar vidas e se dão ao direito de debochar de uma paciente desta forma.

Estas duas tristes notícia têm em comum algo muito preocupante. Os dois casos são protagonizados por pessoas da mesma geração, o que nos faz pensar que está um curso uma mudança de valores socias. O que leva estas pessoas a se considerarem no direito de agir desta forma?

Ah! Alguém dirá que é a liberdade de pensamento. Opa! A liberdade é de pensar, não de agredir o outro. A liberdade de expressão, quando é ofensiva, deve ser tratada como tal, como uma ofensa e quem ofende tem de responder pelos seus atos.

Podemos discordar uns dos outros, até nem gostar um do outro, o que não dá a nenhum de nós o direito de ofender, de agredir o outro.

Certamente em ambos os casos, as estudantes serão repreendidas pelas suas instituições de ensino e, talvez, as pessoas que foram tratadas com desdém, busquem reparação na via judicial, que é onde se deve resolver estas questões. No mais, é cada um de nós dar uma parada e refletir que tipo de sociedade estamos deixando para as gerações futuras.

*José Renato Reis é servidor público e bacharel em Direito. Identificado com os segmentos artísticos, dedica-se à escrita e a apresentação do podcast Teimosia Cultural.

 

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