Muitas pessoas têm dúvidas sobre como funciona o pronto atendimento em saúde. Em Gravataí, além do Hospital Dom João Becker, contamos com duas UPAs que recebem casos de urgência ou emergência. No entanto, cabe destacar que 90% das queixas médicas podem ser tratadas em postos de saúde, ou seja, não são casos de maior gravidade. Por isso, é fundamental que a população saiba como agir, caso necessite de atendimento.
Uma das questões importantes é saber distinguir quando estamos diante de uma urgência ou de uma emergência. Urgência refere-se a condições que exigem atenção em um prazo de algumas horas, como fraturas simples ou crises hipertensivas. A emergência, por sua vez, envolve situações que demandam intervenção imediata, como acidente vascular cerebral (AVC), infarto do miocárdio e edema agudo de pulmão, em que cada minuto conta para salvar vidas. Para determinar a gravidade da situação, profissionais de saúde utilizam a classificação de risco.
Esse sistema de cores diferencia os pacientes com base em um protocolo de triagem. A classificação leva em consideração a análise dos sinais vitais, a avaliação clínica do profissional de saúde e as informações fornecidas pelo paciente. O objetivo é garantir que os casos graves recebam atenção prioritária. Vermelho, laranja e amarelo correspondem aos de maior risco e precisam de estruturas como a UPA ou o Hospital. Já aqueles categorizados como verde ou azul devem ser encaminhados a uma unidade básica de saúde.
As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) são adequadas para condições de pequena e média complexidade, como síndromes virais, crises hipertensivas, lombalgias, infecções urinárias e pneumonias. Já os hospitais estão preparados para casos mais graves, como infartos, AVCs, traumas severos ou dificuldades respiratórias intensas. Atualmente, em ambientes de emergência, as doenças cardiovasculares são as mais recorrentes. Embora traumas sejam frequentes entre os jovens, as queixas mais comuns que levam os pacientes a buscar atendimento de emergência também incluem cefaleias, lombalgias e doenças virais.
O maior desafio para um profissional de saúde é tomar decisões precisas em um curto espaço de tempo, nos casos em que há risco de morte. Por exemplo, ao se deparar com um paciente não responsivo, o médico deve rapidamente avaliar a situação e decidir se chama ajuda, inicia ventilação boca a boca, realiza compressões cardíacas ou verifica a glicemia. A rapidez e a precisão dessas decisões podem ser cruciais para a sobrevivência do paciente.
É importante que a população saiba onde procurar atendimento e compreenda o que a classificação de risco determina, para que seu tratamento seja o mais adequado e os casos de real gravidade sejam priorizados. Se conseguirmos organizar esse fluxo, certamente estaremos salvando mais vidas.
*Régis Renosto é médico e gestor da Emergência do Hospital Dom João Becker. O profissional foi o convidado de ontem (15/4) do programa Papo de Saúde, uma parceria entre o Giro de Gravataí e o HDJB.